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HISTÓRIAS DA PEQUENA ÁFRICA - Praça Onze de Junho

Com a Abolição, grandes massas de ex-escravos se instalaram nas precárias "casas de cômodos" que abundavam nas ruas adjacentes à Praça 11 de Junho. Em breve, com os espaços esgotados, estes mesmos negros passaram a habitar casebres improvisados nas encosta dos morros. Um destes promontórios próximos à Praça 11 de Junho foi batizado de Morro da Favela por soldados regressados da Guerra de Canudos e deu origem à denominação hodierna e internacional dos agrupamentos miseráveis urbanos. No raiar do século XX, a Praça 11 de Junho era o reduto por excelência dos negros cariocas. Das batucadas trazidas pelos negros baianos, misturadas ao lundu do Rio de Janeiro, nasceu o samba.A casa da Tia Ciata foi o principal local de onde se tocavam músicas e ritmos africanos daquela comunidade, de onde saíram sambas históricos e compositores de talento. Berço do Moderno Carnaval, era local de desfile das Escolas de Samba nas primeiras décadas do século XX, e do carnaval popular de rua, dos antigos cordões, enquanto na Rio Branco saíam os corsos e o carnaval das Sociedades. Os primeiros desfiles de carnaval dos anos 30 tiveram lugar na Praça, local de reunião dos bambas.Na década de 1930, a Prefeitura do Distrito Federal planejou obras de modernização da região, o que incluía a construção de uma nova artéria rodoviária que melhorasse o acesso do Centro à Zona Norte. Com isso, a Praça 11 de Junho foi notavelmente reduzida. Pelo projeto, os quarteirões entre as ruas Senador Eusébio e Visconde de Itaúna seriam demolidos para a abertura da nova Avenida Presidente Vargas. Em 1941, começaram as demolições, que desalojaram centenas de famílias e que acabariam por derrubar 525 prédios, entre eles algumas construções históricas, como as igrejas de São Pedro dos Clérigos e de São JoaquimAtualmente engolida pela Avenida Presidente Vargas, a Praça 11 de Junho diminuiu de tamanho, passando a ser um local de apresentações regulares de espetáculos de circo. Na década de 1970, foi inaugurada, na região, a estação Praça Onze do metrô. Entre 1983 e 1986, houve uma tentativa do governo estadual de Leonel Brizola de transformar o local em um espaço regularizado para vendedores ambulantes, mas o projeto não deu certo devido à distância do local em relação ao centro da cidade. O atual monumento a Zumbi dos Palmares situa-se em terreno que fazia parte da antiga Praça 11 de Junho. Atualmente, a praça abriga um espaço para shows de música popular, o Terreirão do Samba.

Foto: Augusto Malta

Referências:SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Pequena África: Um portal do Atlântico. 1ª edição, CEAP, Rio de Janeiro, 2011

MALAMUD, Samuel. "Recordando a Praça Onze". 1ª edição, Rio de Janeiro, Editora Kosmos, 1988.

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

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