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HISTÓRIAS DA PEQUENA ÁFRICA - Os Afrodescendentes do Século XX

No final do século XIX, as fronteiras "étnicas" africanas estavam em desaparecimento. Os filhos e netos destes africanos tomavam o bastão da cultura. Na virada do século a moderna cultura negra estava em nascimento, e se movendo rápido. Na realidade era um continente inteiro que se movia. Em todas as Américas o desaparecimento dos africanos remanescentes da escravidão provocou mudanças profundas na cultura mantida pelos seus descendentes. Nos Estados Unidos, onde a presença africana nunca foi muito forte, os afrodescendentes tiveram desde sempre um papel pujante, o que se reflete no vigor da luta anti-racista desenvolvida naquele país. Na virada do século XIX para o XX esta hegemonia crioula nas Américas aponta para a formação de tradições culturais fortemente influenciadas por populações nativas, e que buscavam sua integração ao mundo envolvente da cultura ocidental. Mesmo os movimento negros mais radicais de luta por direitos políticos e sociais clamavam abertamente pela libertação do negro na sociedade dominante. Integração sem discriminação, para que o negro pudesse ocupar todos os espaços sociais, políticos e ocupacionais. Esta busca de integração é que marca a trajetória do Jazz nos Estados Unidos, e do Samba e da Capoeira no Brasil. Os novos agente da identidade negra buscam fugir da perseguição e da discriminação e rejeitam a solução de guetos para a permanência da cultura. Assim, no início do século vemos o Jazz nascer nas casas noturnas do Sul Norte-americano, enfrentando o ódio racial, e o samba carioca saltar dos morros para os estúdios de rádio e as festas de rua das escolas de samba; A capoeira escapar dos becos da zona portuária para ganhar as academias legalmente constituídas, primeiro na Bahia depois no Rio; E até mesmo o candomblé, a quintessência da herança ancestral africana, soube abrir seu caminho, ganhando adeptos e seguidores nas elites políticas do aparelho de estado. Este processo também fica mais fácil de ser entendido no contexto da crise aberta com a Primeira Guerra Mundial. A Grande Guerra, como foi chamada antes do advento da Segunda, não representou apenas uma crise política e econômica. Foi também uma crise cultural. Os modelos "burgueses" de valor social e afirmação individual foram brutalmente atingidos pela hecatombe. A sociedade que emergiu em 1919 estava em busca de novos paradigmas e principalmente as novas gerações se cansaram dos modelos convencionais de "cultura burguesa". Isso ajuda a explicar no Brasil a revolução que foi a Semana de Arte Moderna de 1922. Nos anos 1920, apelidados de "anos loucos", os preconceitos culturais e raciais sofreram uma clara erosão. A década de 1930, ao oposto entendida, no plano da cultura, como uma reação conservadora. Voltando para a formação da moderna cultura negra no Rio e nas Américas na virada do século XIX para XX, este movimento não pode ser entendido sem medir o papel dos crioulos. Estes efetivamente forjaram uma nova identidade. Publicado por Sami Brasil

Referêcia:

SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Pequena África: Um portal do Atlântico. 1ª edição, CEAP, Rio de Janeiro, 2011 KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de janeiro 1808-1850. São Pauo, Companhia das Letras, 2000.

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