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HISTÓRIAS DA PEQUENA ÁFRICA - Especial

Cronistas e mais cronistas falam da Pequena África, mas sempre de forma obscura, como um passado remoto, apagado, ao qual jamais teremos acesso completamente, e que talvez devesse permanecer enterrado. Nosso objetivo é mostrar que, ao contrário, a Pequena África é muito palpável, muito real, e tem uma história definida, que não apenas teve impacto profundo para a cidade do Rio, mas para todo o Brasil. A Pequena África representa um eco da memória da enorme presença africana na antiga zona portuária do Rio, que começa na região do Valongo, ao final do século XVIII, e depois com o Cais do Valongo, obra do período joanino, o primeiro (e talvez único) cais de pedra construído no Brasil especificamente para receber escravos africanos. E não foram poucos. A historiadora Mary Karasch em sua obra magna sobre o Rio de Janeiro afirma que naquela região passaram, entre 1779 e 1831, nada menos que 1 milhão de homens, mulheres e crianças. Isso representa um quarto de todos os africanos trazidos a força ao Brasil! Próximo a 10% de todos os filhos da África forçados a migrar para as Américas durante o horrendo tráfico de africanos! Esta história, em estranhos caminhos, foi sendo diluída da memória coletiva da cidade, por vários motivos. Em primeiro lugar a repugnância que provocava em certa elite intelectual brasileira a lembrança dos horrores do tráfico negreiro e suas cenas de holocausto, principalmente em momentos de afirmação da nacionalidade, como na era da independência ou nos primeiros tempos da República. Em segundo lugar a força desta "mancha negra" na geografia da cidade, que por obra e graça das renovações urbanísticas tinha de se tornar mais e mais européia, e hoje mais e mais "americanizada". Por mais que haja uma numerosa bibliografia sobre escravidão negra do Brasil nos últimos anos, o cais do Valongo até agora permaneceu em pesado esquecimento. Publicado por Sami Brasil

Referêcia:

SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Pequena África: Um portal do Atlântico. 1ª edição, CEAP, Rio de Janeiro, 2011 KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de janeiro 1808-1850. São Pauo, Companhia das Letras, 2000.

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