HISTÓRIAS DA PEQUENA ÁFRICA - Tereza de Benguela: A Rainha Negra de Mato Grossp

Tereza de Benguela foi uma liderança quilombola que viveu no século XVIII. Mulher de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso. Quando seu marido morreu, Tereza assumiu o comando daquela comunidade quilombola, revelando-se uma líder ainda mais implacável e obstinada. Valente e guerreira ela comandou o Quilombo do Quariterê, que cresceu tanto sob seu comando que chegou a agregar índios bolivianos e brasileiros. Isso incomodou muito as autoridades das Coroas, espanhola e portuguesa. A Coroa Portuguesa, junto à elite local agiu rápido e enviou uma bandeira de alto poder de fogo para eliminar os quilombolas. O quilombo do Piolho foi atacado em 1770 pelo Sargento-Mor João Leme do Prado, quando apreendeu numerosa escravatura, restando ainda ali muitos fugitivos escondidos na selva que se estabeleceram novamente nas cercanias do lugar. Segundo a maioria dos estudiosos, Teresa enlouqueceu ao ver sua gente ser massacrada, castigada e voltar às senzalas machucados pela fúria marginal dos seus senhores.Não se submetendo a situação de escravizada, suicidou-se. Sua coragem, seu exemplo único, sua devoção pela liberdade numa época em que o sangue negro derramava aos borbotões nos campos e minas, jamais poderia ser esquecido. A situação da mulher negra brasileira deverá ser debatida a cada dia 25 de julho, quando passará a ser celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, segundo o projeto (PLS 23/09) da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) aprovado em decisão terminativa pela Comissão de Educação. Em 25 de julho, já se celebra o Dia Internacional de Luta da Mulher Negra da América Latina e do Caribe. O símbolo dessa luta no Brasil, é Tereza de Benguela, que resistiu por mais de 20 anos à escravidão à frente do Quilombo do Quariterê.