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HISTÓRIAS DA PEQUENA ÁFRICA - João Cândido e a Revolta da Chibata

Passados mais de cem anos da Revolta da Chibata, um grupo de negros valorosos que lutavam contra os castigos físicos sofridos pelos marinheiros, nos deixou um grande legado: um herói chamado João Cândido. João Cândido Felisberto, nasceu no Rio Grande do Sul em 24 de junho de 1880. Negro, filho de escravos, entrou para a escola de aprendizes marinheiros com apenas 13 de idade. Ele era respeitado pelos seus companheiros e muito competente. Mesmo alguns anos após a abolição da Escravatura, ainda que proibidas as agressões aos negros como forma de punição, a Marinha de Guerra utilizava de métodos cruéis. Os marinheiros, na maioria negros eram vítimas de um governo e de uma Marinha com idéias e pensamentos racistas, pois apenas eles sofriam tal castigo, enquanto os demais apenas assistiam as chibatadas, seguidas de gritos e desmaios. Em 1910, um dos marinheiros chamado Marcelino Rodrigues, havia levado duas garrafas de cachaça para o navio, por isso, sendo acusado e condenado a levar 250 chibatadas. Ao final das 250 chibatadas, ele foi solto e colocado em um porão com iodo em suas costas banhadas de sangue. Esse fato teria provocado a explosão da Revolta da Chibata. João Cândido liderou a revolta e, apontando os canhões dos navios para o Rio de Janeiro, capital da República, enviou um ultimato exigindo o fim dos castigos corporais. O governo prometeu atender os pedido, mas prendeu os marinheiros por participarem da revolta, na Ilha das Cobras em uma cela onde havia pouca ventilação e muito calor, causando a morte da maioria dos prisioneiros, por asfixia. João Cândido e mais um foram os únicos sobreviventes e, mais tarde, soltos. Ele foi expulso da Marinha por ter participado da rebelião e passou a viver como carregador de peixes na Praça XV. A Revolta da Chibata foi um dos movimentos de insatisfação mais importantes ocorridos no início da República, pois foi um dos poucos que os objetivos foram realmente alcançados. João Cândido foi o herói brasileiro mais importante do século XX, pois com sua coragem conseguiu lutar pelos direitos do negro como cidadão. João Cândido viveu o final de sua vida em São João de Meriti, na extrema pobreza, como peixeiro, sem aposentadoria, sem patente, sem reconhecimento, sendo perseguido até sua morte, em 1969. Apenas em 2008 recebeu a anistia póstuma que foi alvo de críticas e discussões. O então presidente Lula tentou homenageá-lo com uma estátua em frente à Escola Naval, na Praça XV, mas infelizmente a Marinha não poderia permitir que um negro fosse digno de representá-la, muito menos que viesse a ser considerado um herói. Sendo assim, o monumento foi inaugurado em frente ao mar. Símbolo da luta pelo direitos e contra a opressão, o Almirante Negro, representa o valor da luta pela dignidade humana, por sua garra, determinação e por ter se entregado com amor à causa sem medo das consequências. Referências: O silêncio das Chibatas: redaçõesde uma revolta na históra / organização Éle Semog - Rio de Janeiro: CEAP, 2010. Postado por Sami Brasil

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