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HISTÓRIAS DA PEQUENA ÁFRICA - Tia Ciata, Mãe do Samba

Na Pedra do Sal se encontraram as célebres tias baianas, cabeças de famílias extensas. Foi nas suas "pensões" que o batuque e o jongo se transformaram em partido alto e, logo, no amplo espaço da Praça Onze, no samba que conhecemos.Rodas de samba e desfiles de ranchos Carnavalescos eram promovidos pela comunidade de baianos radicados no Rio de Janeiro, ligados ao culto religioso de matriz africana, na área conhecida como Pequena África. Eram eles: Hilário Jovino Ferreira (Lalo de Ouro), Perciliana Maria Constança (mãe do João da Baiana), Tia Amélia do Aragão (mãe do Donga), o legendário Amor (Getúlio Marinho da Silva), Tia Ciata, Tia Bebiana, Tia Rosa, Tia Sidata . As tias baianas como Ciata, Bibiana, Mônica, Perciliana e outras, que se encontravam no terreiro de João Alabá, formam um dos núcleos principais de organização e influência sobre a comunidade. São essas negras que ganham respeito por suas posições centrais no terreiro e por sua participação nas principais atividades do grupo, que garantiram a permanência das tradições africanas e as possibilidades de sua revitalização na vida mais ampla da cidade. A mais famosa de todas as baianas e a mais influente, foi Hilária Batista de Almeida, a "Tia Ciata", citada em todos os relatos do surgimento do samba carioca e dos ranchos (agremiações carnavalescas típicas da cidade do Rio de Janeiro, no final do século XIX e na primeira metade do século XX). O rancho fundado por Tia Ciata Chamava-se "O macaco é o outro", referência e crítica ao preconceito racial. Mulher de grande iniciativa e energia, Ciata faz sua vida de trabalho constante, tornando-se a iniciadora da tradição carioca das baianas quituteiras, atividade que tem forte fundamento religioso. Há, na época, muita atenção da polícia à reunião dos negros. Tanto o samba como o candomblé são objetos de contínua perseguição, vistos como coisas perigosas, que deveriam ser extintas. O samba mais afamado era da casa da Tia Ciata porque lá que os sambas, nascidos no morro, se tornavam conhecidos na roda e se popularizavam. Desta forma, essa mãe pequena respeitada, simboliza toda a estratégia de resistência musical à cortina de marginalização erguida contra o negro em seguida à abolição. Com a modernização da cidade e o deslocamento dos antigos moradores da Saúde para a Cidade Nova, o pequeno carnaval toma a Praça Onze. Hilário Jovino Ferreira, principal criador e organizador dos ranchos da Saúde, seria um dos responsáveis pelo deslocamento dos desfiles para o carnaval, que transformaria substancialmente suas características. Ao lado dos ranchos, malandros, desocupados, trabalhadores irregulares, todos saíam em grupos anárquicos formando blocos e cordões, ainda como uma continuidade negra do antigo entrudo.O carnaval carioca perdia a sua feição bruta da primeira metade do século XIX ao africanizar-se para feição moderna, o ciclo dos grupos festeiros, chegando até a criação das escolas de samba. As festas eram frequentadas principalmente pela baianada e pelos negros que a eles se juntavam, estivadores, artesãos, alguns funcionários públicos, alguns mulatos e brancos de baixa classe, gente que se aproxima pelo lado do samba e do carnaval, e por doutores atraídos pelo exotismo das celebrações.Referências:LOPES, Nei. Sambeabá; o samba que não se aprende na escola.MOURA, Roberto M. No princípio, era a roda: um estudosobre samba, partido-alto e outros pagodes.#baileblackbom #históriasdapequenaáfrica #conscienciatranquila

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